sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O início

O ponto de partida desta viagem faz-se pela mais fundamental de todas as descobertas da TSF: a onda electromagnética. Esta já havia sido teoricamente prevista em 1873 por Maxwell, mas até 1885 a sua existência nunca havia sido experimentalmente verificada.

Paul Berché, no seu livro "Pratique et Théorie de la T.S.F." de 1934 diz-nos o seguinte sobre Hertz e as suas experiências:
"Henrique Hertz, Físico alemão (1857 - 1894). Técnico consumado, Hertz faz-se notar muito jovem por uma habilidade experimental prodigiosa. Aos 23 anos torna-se assientente de Helmholtz, <...>. Em 1885, Hertz é nomeado, aos 28 anos, professor de física na Universidade de Karslruhe. Mal tinha o novo professor começado o seu curso, e uma manhã os seus alunos encontraram a porta do anfiteatro de física fechada; um cartaz anunciava a reabertura do curso para daí a quinze dias. Hertz havia mandado esvaziar o anfiteatro e mantinha-se lá fechado dentro: tinha acabado de produzir ondas electromagnéticas de 50 centímetros de comprimento de onda e estudava dia e noite as maravilhosas radiações cuja existência acabava de lhe ser revelada e que viriam mais tarde a ter o seu nome. Na reabertura do curso, Hertz comunica o resultado das suas pesquisas aos seus alunos entusiasmados e repete perante eles as experiências entretanto tornadas clássicas. Conta-se que os superiores de Hertz julgaram de forma severa a maneira um pouco cavaleira como o jovem professor interrompeu de sua própria autoridade, com fim de pesquisas pessoais, o curso de que estava encarregado."

Embora o seu interesse fosse meramente científico (diz-se que Hertz não encontrava aplicação prática para as ondas electromagnéticas) este homem havia inventado um método para as produzir, chamado o excitador de Hertz, e também o seu primeiro detector, o ressoador de Hertz. A estes aparelhos, havemos de voltar mais tarde no decurso desta viagem.
Para já, fica a breve descrição que Berché faz do excitador de Hertz:
"O secundário de uma bobine de indução B é ligado a um sistema de duas esferas S e S' de uma trintena de centímetros de diâmetro, fazendo o papel de "acumuladores de electricidade", de condensador se preferirem. Estas duas esferas distantes de 1m a 1m50 são ligadas a duas pequeas bolas s e s' por duas hastes rectilineas.
Quando a bobine B é colocada em operação, a ruptura da corrente primária provoca a acumulação de electricidade nas esferas S e S' até que a diferença de potencial, <...> entre s e s' seja suficiente para que salte uma faísca."

A faísca eléctrica era assim o meio gerador das correntes de alta frequência, necessárias para produzir ondas electromagnéticas. Aqui Hertz apoiou-se naturalmente em trabalhos anteriores de outros cientistas, alguns dos quais iremos ainda encontrar.

Durante estas experiências, Hertz demonstra que as novas ondas eléctricas tinham propriedades de propagação, interferência, reflexão, refracção e difracção em tudo semelhantes à da luz, confirmando completamente as previsões de Maxwell.

A TSF não havia ainda nascido, mas o meio que lhe iria servir de suporte já era conhecido

1 comentário:

Anónimo disse...

Engraçado que Hertz estava tão ocupado a estudar as propriedades das ondas electromagnéticas, que com certeza nem se dava conta que estava a fazer história. Segundo Paul Berché; "Mal tinha o novo professor começado o seu curso, e uma manhã os seus alunos encontraram a porta do anfiteatro de física fechada; um cartaz anunciava a reabertura do curso para daí a quinze dias. Hertz havia mandado esvaziar o anfiteatro e mantinha-se lá fechado dentro: tinha acabado de produzir ondas electromagnéticas de 50 centímetros de comprimento de onda e estudava dia e noite..." LOL deu-se ao luxo de fechar o anfiteatro só para estar a fazer experiências. "Embora o seu interesse fosse meramente científico (diz-se que Hertz não encontrava aplicação prática para as ondas electromagnéticas)" mal ele sabia o que dali para a frente iria surgir. Graças a este grande cientista, que para além dos grandes benefícios que ajudou a dar à humanidade, ainda ajudou também a que eu hoje escrevesse esta mensagem.